sanc_pc1317_03_01_a_1
2021 - 5 minutos
Dir. Henrique Amud
sanc_pc1317_03_01_a_1, de Henrique Amud, revisita sons experimentais colando imagens dispersas – que muitas vezes parecem derreter na tela – e mostrando, para nossa percepção, um gosto pelo drible, pelo dissenso e pelo barulho. Desde o título do filme até as suas imagens sonoras existe uma operação técnica que alarga o espaço de trânsito de suas inscrições sensíveis, algumas mais furtivas, exaltadas, espirais, outras sob efeitos visuais que tornam as imagens em movimento de algum arquivo de mídia encontrado no mundo tão pixeladas e enquadradas buscando desviá-las das suas funções pré-determinadas.
Em síntese, o filme passa a sensação de que estamos diante de uma operação a partir de um mundo colapsado com tudo inteiro e em pedaços. Se há códigos complexos, o filme visa elevá-los e abrir nossa mente trabalhando em múltiplas direções, isto é, criar uma experiência audiovisual na desordem e na intimidade dessas ferramentas e seus ruídos.
Nesse sentido, cabe a percepção de que somos movidos por impulsos elétricos espúrios provenientes de outras atividades elétricas que, na montagem de sanc_pc1317_03_01_a_1, ampliam essa sensação ao nos inserir numa variação eletrônica sobretudo sonora. É um exercício audiovisual inquieto que nos atrai, pois podemos sentir que foge de algumas expectativas sobre um filme experimental. Isso torna a experiência mais tensa e problematizadora, com mais espantos, e nos instiga a vivenciar uma espécie de desestratificação da sensibilidade, indefinição de palavras e inespecificidades.
Texto por Eduarda Figueiredo