Os cinco curtas programados para a sessão Espírito FOFI foram exibidos e premiados na primeira e na segunda edições do festival. Se a organização das imagens é uma operação de variadas complexidades em cada um deles, também é notável como em cada filme essa organização segue pontos de partida, ambições e pontos de chegada muito distintos.
Três dos filmes programados partem de imagens que não foram realizadas para os respectivos filmes e, cientes dessas premissas, cada um dos filmes coloca essas imagens para serem refletidas, narradas, representações de um passado ou de um presente marcados por memórias, perdas e invenções, tendo sempre a imagem como superfície de preservação, de resíduo do que já foi, de vestígio de algo ao qual, rigorosamente, não temos como acessar, a não ser pela superfície.
Em outros dois filmes, não se parte de imagens registradas em outros contextos, com outras intenções extra fílmicas, mas de imagens registradas por quem realizou os filmes, operação de muito artesanato na estruturação de uma ordem, progressiva no tempo ou expandida e suspensa no tempo/espaço, a partir de naturezas visuais distintas, em torno de um corpo enfermo em um, por meio de objetos em outros.
Esses cinco filmes programados e já premiados, acima de tudo, encontram suas forças no bom uso de suas limitações, na consciência de suas circunstâncias de captação, que deixam de ser empecilho para se tornarem motores propulsores, colocando quem cria para inventar saídas e percursos, sem pedidos de desculpas por não ter mais à sua disposição. No limite das possibilidades, a invenção predomina.
Dia 11/12/ 20h - SESSÃO ESPÍRITO FOFI
Fábula, Mina Bellouere, 7’27”, SP, 2020
I.A.M, Douglas Rene, 8`03”, SP, 2020
Tudo Sobre Minha Avó, Gabrielli Casseta, 4’53”, SP, 2020
Na Laje, Fernando Martins, Flávio Fonseca e Vinicius Alexandrino, SP, 10`41”, 2020
Registros, Luca Albano, SP, 10`08”, 2020